Saturday, March 15, 2025

Adeus Ucrânia: O presidente dos EUA, Trump, está falando sério?

DW Adeus Ucrânia: O presidente dos EUA, Trump, está falando sério? Astrid Prange de Oliveira • 1 hora • 3 minutos de leitura Trump não se importa com o destino político da Ucrânia? Os sinais estão aumentando. Uma coisa é certa: Kyiv não é a principal prioridade na política externa dos EUA. E o tão esperado cessar-fogo ainda está muito longe. Ameaças de guerras comerciais com a China e a Europa, disputas tarifárias com os países vizinhos dos EUA, Canadá e México, a guerra em Gaza, queda nos preços das ações e protestos contra demissões em massa em seu próprio país: o presidente dos EUA, Donald Trump, está atualmente lutando em muitas frentes (algumas das suas próprias) simultaneamente. Nesse cenário de crise, surge a pergunta: os EUA abandonarão a Ucrânia? Um "sim" parece ser apenas uma questão de tempo. Após as recentes, até agora malsucedidas, tentativas de cessar-fogo temporário entre Kiev e Moscou, muitos fatores apontam para esse cenário ameaçador. Trump: "A Ucrânia pode não sobreviver" Foi o próprio presidente dos EUA, Donald Trump, que recentemente abordou a questão. Em entrevista ao canal de TV americano Fox News após o escândalo na Casa Branca, a apresentadora Maria Bartiromo perguntou se ele conseguiria lidar com a ideia de que a Ucrânia não sobreviveria à guerra com a Rússia. A resposta de Trump foi: "Bem, talvez a Ucrânia não sobreviva à guerra de qualquer maneira. Sempre são necessários dois para fazer uma guerra. Esta guerra não deveria ter começado em primeiro lugar, mas começou. E estamos presos nessa confusão agora." Rubio: "A Ucrânia deve fazer concessões" O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, deixou claro que o destino da Ucrânia não é a maior prioridade na política externa dos EUA durante sua audiência perante o Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA em 15 de janeiro deste ano. O republicano afirmou que os EUA continuam sendo um dos seus aliados mais próximos. Ele mencionou especificamente Israel e Taiwan, mas não a Ucrânia. Em vez disso, ele declarou: "Questões globais que não atendem aos interesses dos EUA, como a Ucrânia e a cooperação para o desenvolvimento, estão sendo examinadas." "A Ucrânia deve fazer concessões, e cada centavo da ajuda externa deve ser examinado quanto à sua sinceridade e eficácia", disse Rubio. Biden também descartou tropas dos EUA na Ucrânia O recuo da política externa dos EUA já havia começado antes do primeiro mandato de Trump. "Nenhum dos antecessores de Trump se comprometeu a lutar pela Ucrânia", lembra Stephan Wertheim, especialista em política externa dos EUA no Carnegie Endowment for International Peace, em um artigo de opinião para o jornal britânico The Guardian. O presidente dos EUA, Joe Biden, descartou expressamente o envio de tropas americanas para a Ucrânia. "Nenhum aliado da OTAN defendeu diretamente a Ucrânia", disse Wertheim. A razão para isso é óbvia: "Isso significaria guerra com a Rússia", escreve Wertheim, "uma perspectiva que ainda pode dissuadir os aliados da OTAN, independentemente do que aconteça na Ucrânia". Mesmo que os europeus não quisessem ouvir, Wertheim disse que era compreensível que os EUA, sob o comando de Trump, não quisessem se comprometer a entrar em guerra pela Ucrânia no futuro. “Sacrifício de peão” Ucrânia? O especialista em Rússia Stefan Meister, no entanto, é extremamente crítico em relação à rejeição de garantias de segurança por Trump. "Com isso, Trump já piorou enormemente sua própria posição de negociação e a da Ucrânia", explicou ele em entrevista ao Südwestrundfunk. "Por que Moscou deveria se comprometer em qualquer questão quando o presidente dos EUA já está oferecendo metade do que a Rússia está exigindo?" Meister dirige o Centro de Governança na Europa Oriental, Rússia e Ásia Central no Conselho Alemão de Relações Exteriores. Ele teme que a Ucrânia possa simplesmente ficar para trás no reajuste das relações russo-americanas. "Minha impressão é que Trump, no final das contas, não se importa muito com a Ucrânia", explica ele. Da perspectiva dos EUA, a Ucrânia pode ser simplesmente um peão dado aos russos para conseguir outras coisas." "Acordo" sem a Europa Essas "outras coisas" podem incluir os tópicos mencionados pelo Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em seu discurso perante o Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA: Israel e a paz no Oriente Médio, relações com a China, negociação com o Irã e, finalmente, uma reaproximação entre Washington e Moscou. O autor americano Robert Kagan não alimenta mais ilusões. "O presidente Trump deixou claro que os EUA não estão mais dispostos a defender a Europa", explica o ex-republicano, que aconselhou vários presidentes dos EUA, em entrevista ao jornal semanal Die Zeit.